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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

FOX PAULISTINHA TERRIER BRASILEIRO


ORIGEM

"Terrier Brasileiro" é o nome oficial do nosso conhecido "Fox Paulistinha". De origem desconhecida, presume-se que tenha sido originário do cruzamento do Fox Terrier Pêlo Liso, com Jack Russel, e acasalamentos com cães brasileiros. Isso, porque, no início do século, filhos de fazendeiros iam estudar em universidades européias e voltavam cansados e suas mulheres traziam cães do tipo terrier de pequeno porte e que eram deixados nas fazendas e se acasalando com cães brasileiros. Surgiu, então, uma nova raça, cujo fenótipo fixou-se após algumas gerações. Com o desenvolvimento das cidades, os fazendeiros, junto com suas famílias foram atraídos para os centros urbanos, e São Paulo, o cão ficou conhecido como Fox Paulistinha.

Em 1920 já tinha as características que tem hoje. Mas, o CBKC não emitia registro de tais cães, nem reconhecia a raça. Em 1960 foi fundado o Terrier Clube do Brasil, com o objetivo principal de difundir e aprimorar a raça, tendo sido a raça reconhecida pelo CBKC. Como em 1973 nenhum exemplar da raça foi registrado, o CBKC cancelou o reconhecimento oficial da raça. na mesma ocasião, o terrier Clube do Brasil encerrou suas atividades. No entanto, o Paulistinha continuou sendo criado por vários canis, e por causa da luta dos vários admiradores da raça, em 1995 o CBKC voltou a reconhecer oficialmente a raça, emitindo registros e definindo seus padrões.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

O Fox paulistinha é um cão alegre e divertido, e, graças ao seu temperamento é freqüentemente empregado em números circenses. Mas, além disso, é um valente guarda e um bom caçador. Seu instinto de caçador aflora quando encontra animais selvagens, principalmente os de pêlo. Fox em inglês significa Raposa. Não vacila diante de ratos, perseguindo-os até matá-los, sendo, nesta tarefa, mais eficaz que os próprios gatos. por isso, se seu fox paulistinha precisar conviver com outros animais, acostume-o desde logo com eles, para evitar futuras contendas entre eles: se a convivência com eles começar cedo, não haverá brigas. O Terrier Brasileiro é um cão que requer poucos cuidados, proporcionando muitas alegrias ao dono, e facilmente adaptável à qualquer ambiente. os banhos são raros, por causa da sua pelagem curta, mas não é desafeto á água: pelo contrário, adora nadar. Ate mesmo a criação de ilhotes é fácil. o acasalamento «é feito quase sempre de forma natural, sem precisar de ajuda; a mãe cuida sozinha da prole e do ninho, mantendo-o limpo. normalmente nascem 6 a 8 filhotes, e a própria cadela cuida do revezamento para que todos os filhotes tenham aceso a seu leite. No terceiro dia de vida a caudas deverá ser cortada, na articulação da segunda com a terceira vértebra. A própria mãe cuida dos "curativos".

COMO CUIDAR DO SEU TERRIER BRASILEIRO

O Terrier Brasileiro, o nosso querido Fox paulistinha, é um cão que dispensa maiores cuidados. Um banho, na hora mais quente do dia com sabão neutro a cada 15 dias, sem necessidade de secador, é o suficiente, desde que se escove, pelo menos a cada dois dias, com uma escova de cerdas duras ou uma luva de borracha, à seco, para a retirada de pêlos mortos.

Deve-se manter o cão livre de parasitas (pulgas, carrapatos, ácaros) que provocam pruridos (coceiras). Ao se coçar o cão provoca ferimentos na pele, prejudicando a pelagem e abrindo uma porta para infecção oportunistas (como micoses, por exemplo).

Para evitar o aparecimento de ácaros nos ouvidos, recomenda-se a aplicação, após a limpeza com um cotonete embebido em álcool ou éter, de um anti micótico. Fale com seu veterinário para que ele indique um, dos vários existentes no mercado.

Quanto aos vermes, o problema é sério, pois eles se alimentam de proteínas que retiram do animal, debilitando-o, minando a sua resistência às doenças e comprometendo a sua saúde, além de provocar enterites (infecções intestinais), que podem até levar o bichinho à morte. para evitar isso, recomenda-se doses periódicas de vermífugos de amplo aspecto existentes no mercado. Consulte seu veterinário para melhores orientações, e siga à risca suas instruções neste sentido.

Embora seja um cão de pequeno porte e para espaços exíguos, recomenda-se passeios diários: uma hora de caminhada, para cães que moram em apartamentos, é o ideal; o Fox paulistinha é um cão muito ativo e precisa extravasar esta vitalidade.

Quanto à alimentação, deve-se usar ração industrializada de primeira linha, pois uma ração de boa qualidade dispensa complementos vitamínicos e/ou alimentares, pois já é balanceada de acordo com as necessidades do animal. Até um ano use a ração específica para filhotes e após um ano, use a de manutenção. A ração especial para filhotes é mais rica em proteínas e cálcio do que a ração endereçada a um cão adulto.

Outra recomendação importante é que se mantenha o Fox paulistinha longe dos portões e lugares onde haja muitos estímulos externos, evitando excitá-lo e provocá-lo; é engraçadinho, mas o prejudica, pois sua pulsação, que já é acelerada, pode se acelerar mais ainda e até provocar ataques cardíacos. desaconselha-se, portanto, que se leve muita agitação para a vida do Terrier Brasileiro: criado em um ambiente tranqüilo, ele terá um temperamento bem calmo. O que não se deve fazer, é colocá-lo em meio a pessoas que o provoquem e que não o respeitem, fazendo com ele brincadeiras inadequadas, fazendo dele um cão irritadiço, nervoso e agressivo. O que o "Paulistinha" (e todo cão) precisa é de muito carinho e bom tratamento. Dizem que o Terrier Brasileiro é um cão de um dono só: fiel e afeiçoadíssimo a ele. Se bem criado torna-se um bom companheiro para adultos e crianças, além de um bom cão de alarme.

PADRÃO OFICIAL

Padrão ainda sem tradução oficial pela CBKC
FCI:
341, de 4/6/96
País de Origem: Brasil
Nome no país de origem: Terrier Brasileiro
Utilização: caça de animais de pequeno porte, guarda e companhia.

Temperamento e Comportamento: incansável, alerta, ativo, e esperto; meigo e afável com íntimos, desconfiado com estranhos.
Cabeça: vista de cima, de formato triangular, larga na base, bem larga entre as orelhas, estreitando-se acentuadamente a partir dos olhos. Vista de perfil, a linha superior do focinho é ligeiramente ascendente da ponta do nariz ao stop, marcado por uma elevação curta e pronunciada na sutura naso-frontal e, ligeiramente arqueada até o occipital.
Crânio: arredondado, linha superior moderadamente arqueada. Visto de cima, as linhas laterais convergem em direção aos olhos. A distância, entre o canto distal dos olhos e a inserção da orelha é igual à distância entre os cantos proximal e distal do olho. Sulco sagital bem desenvolvido.
Stop: pronunciado
Focinho: visto de cima, a linha que liga os cantos externos dos olhos e a trufa, forma um triângulo isósceles forte e bem cinzelado na região suborbital, com a inclinação na raiz do focinho que acentua o stop.
Trufa: moderadamente desenvolvida e bem pigmentada, de cor escura, com narinas abertas.
Lábios: secos, perfeitamente ajustados aos maxilares, de modo que os superiores possuam sobre os inferiores sem ultrapassar, permitindo completo fechamento.
Bochechas: secas e bem desenvolvidas
Dentes: dentadura completa de 42 dentes, bem inseridos e bem desenvolvidos. Mordedura regular e perfeita oclusão em tesoura, com os caninos superiores perfeitamente encaixados à frente dos inferiores.
Olhos: inseridos na metade da distância entre protuberância do occipital e a trufa, bem afastados. A distância entre os cantos externos dos olhos é igual à dos cantos externos dos olhos à extremidade da trufa. Olhando para a frente, os olhos são moderadamente salientes e desenvolvidos, com as sobrancelhas levemente acentuadas. Arredondados, vivos, bem abertos e de expressão inteligente, de coloração o mais escuro possível. A variedade azul tem os olhos cinza-azulados e a variedade marrom, olhos marrons, verdes ou azuis.
Orelhas: inseridas lateralmente, na linha dos olhos, bem afastadas entre si, revelando bom espaço craniano. Formato triangular e terminação em ponta. Portadas semicaídas, com a parte caída voltada para a frente, apontando para a parte externa dos olhos. As orelhas não são operadas.
Pescoço: de comprimento moderado, bem proporcionado ao tamanho da cabeça, harmoniosamente inserido, tanto junto à cabeça quanto ao tronco. Seco, sem barbelas, linha superior ligeiramente curva.
Tronco: bem proporcionado, sem ser muito pesado, de aparência quadrada com linhas nitidamente curvas.
Cernelha: bem pronunciada, harmonizando-se com os membros anteriores.
Linha Superior: firme e reta, ligeiramente ascendente da cernelha para a garupa, com dorso relativamente curto e musculoso.
Lombo: firme e curto, e em perfeita e harmônica conexão com a garupa.
Garupa: bem desenvolvida e musculosa, ligeiramente inclinada, contorno curvo, com inserção de cauda baixa.
Antepeito: pouco pronunciado, moderadamente largo, permitindo um perfeito aprumo dos anteriores.
Peito: esterno longo, com costelas bem arqueadas em razão de sua orientação horizontal, moderadamente arqueado. Peito longo, bem profundo alcançando o nível dos cotovelos.
Linha Inferior: moderadamente curva ascendente no ventre, sem ser muito esgalgada.
Cauda: curta, caudectomia na articulação da segunda com a terceira vértebra caudal. A cauda natural é curta, não alcançando o nível dos jarretes, de inserção baixa, robusta, portada alta sem ser curvada sobre o dorso.
Membros Anteriores: vistos de frente, retos, moderadamente afastados, mas alinhados com os posteriores que também são retos, porém mais afastados.
Ombros: longos, com escápulas anguladas aproximadamente entre 110 e 120 graus.
Braços: úmero aproximadamente do mesmo comprimento da escápula.
Cotovelos: trabalhando bem ajustados ao tórax, no mesmo nível do esterno.
Carpos: angulação aberta.
Metacarpos: vistos de frente, retos e finos.
Patas: fechadas, corretamente direcionadas para a frente e cujos dígitos mediais são maiores.
Posteriores: fortemente musculados, coxas bem desenvolvidas, pernas em proporção às coxas. Jarretes altos, metatarsos retos, angulações bem abertas.
Coxas: bem desenvolvidas e musculadas.
Joelhos: de angulação aberta.
Pernas: proporcionais à coxa.
Jarretes: aprumados.
Patas: fechadas, compactas, mais longas que a das anteriores.
Movimentação: movimentação elegante, livre, rápida com passadas curtas.
Pele: seca, bem ajustada ao corpo, sem flacidez.
Pelagem: bem curta, lisa, de textura fina, sem ser macia, bem assentada ao corpo, do tipo pêlo de rato. Densa o suficiente para não permitir que a pele seja através. Mais rala na cabeça, orelhas, região inferior do pescoço, parte inferior e face interna dos membros e face posterior da coxa.
Cor: fundo branco predominante com marcações em preto, azul ou marrom. As seguintes marcações típicas e características devem estar presentes: marcação castanha acima dos supercílios, nas faces laterais do focinho e na face interna e borda das orelhas. Essas marcas poderão estar presentes em outras partes do corpo na passagem do branco para o preto. A cabeça deverá estar sempre marcada em preto na região frontal e nas orelhas, podendo apresentar estrias e manchas brancas, preferencialmente no sulco frontal e faces laterais do focinho, distribuídas o mais harmoniosamente possível
Talhe: altura na cernelha: machos de 35 a 40 cm, fêmeas de 33 a 38 cm, peso máximo 10 quilos

Faltas: qualquer desvio dos termos deste padrão deverá ser considerado como falta e penalizado na exata proporção de sua gravidade.

defeitos de estrutura
aprumes
pelagem longa ou atípica
falta das marcas características
porte ereto das orelhas
ombros sobrecarregados ou soltos

Desqualificações:

ausência de garupa, levemente angulada
agressividade excessiva ou timidez
prognatismo superior ou inferior
falta de harmonia e tipicidade de construção.

Nota: os machos devem apresentar dois testículos de aparência normal, bem desenvolvidos e acomodados na bolsa escrotal.


sábado, 28 de agosto de 2010

origem do dogo argentino

O Dogo argentino é um cão de guarda originado da região de Córdoba, fruto do grande esforço de Antonio Nores Martínez, auxiliado por seu irmão Agustin Nores Putrinez, que em 1928 estabeleceu o padrão da raça. Apenas em 1950 a Federação de Cinofilia Argentina reconheceu a raça. Atualmente é a única raça reconhecida de cães com origem da Argentina. Em busca de um cão que fosse invencível nas rinhas e insuperável na caça de javalis epumas, selecionaram dez raças, sendo o cão "base" o Viejo Perro de Pelea Cordobés, raça hoje extinta mas que na época era muita popular nas brigas entre cães.

Atualmente o Dogo argentino desempenha outras funções além da caça, como guarda, guia de cegos e busca e salvamento, além de ser muito utilizado como cão de polícia em países como Argentina, México, Estados Unidos, Holanda e Israel.

É um cão valente e corajoso, mas extremamente equilibrado, sendo aclamado por criadores e proprietários como um cão não feroz. Dedicado e sempre interessado em todas as atividades da família, é sensível e inteligente o bastante para reconhecer as pessoas que não fazem parte do círculo familiar, e ainda assim, permitir que elas possam integrar e participar da vida dos seus donos, sendo extremamente tolerante com crianças.

De coloração inteiramente branca, sendo permitida até uma mancha preta em volta dos olhos que não cubra mais de 10% de toda a cabeça, espanta pela rusticidade e porte de poderio.

Um dos melhores dogos da história, "Indio Del Litoral"
Araucano.jpg

[editar]Informações gerais

Cães usados na seleção genética para o desenvolvimento do Dogo Argentino: Viejo Perro de Pelea Cordobés, Dogue Alemão, Boxer, Bull Terrier, Dogue de Bordéus, Pointer, Buldogue Inglês, Cão de Montanha dos Pirenéus, Mastim Espanhol, Wolfhound Irlandês.

Altura exigida pelo padrão vigente da raça:

  • Para as fêmeas: 60 a 65 cm.
  • Para os machos: 60 a 68 cm.

Peso

  • 37 a 45 kg.
  • O peso geralmente varia, ficando acima de 50 quilos. O importante é que o exemplar seja harmônico.

Crânio:

  • massudo, convexo, longitudinal e transversalmente, em razão do relevo muscular dos mastigadores e da nuca.

Focinho:

  • de comprimento igual ao do crânio, assim, o stop está situado na metade da distância do occipital à ponta do focinho(1). (Separamos crânio e focinho, mas é o conjunto de ambos que define a tipicidade da cabeça do Dogo pertencendo ao tipo mesocefálico, devendo delinear um perfil convexo/ côncavo: o crânio convexo pelo relevo da inserção dos músculos mastigadores, clássico do crânio de cão de presa do tipo mastigador e do focinho, ligeiramente côncavo e arrebitado, próprio do cão de excelente olfato, o que, em resumo, significa que o Dogo Argentino tem crânio de mastigador e focinho de farejador, uma integração funcional, reunindo faro alto (ventor) e exímio mordedor. Arcos zigomáticos bem afastados do crânio, formando uma fossa temporal ampla, para a cômoda inserção do músculo temporal, um dos principais mastigadores).

Olhos:

  • escuros ou cor de avelã. Pálpebras com orlas pretas ou claras. Inseridos bem separado, de expressão esperta e inteligente, mas, ao mesmo tempo, com marcante dureza. (Os olhos claros ou pálpebras vermelhas reduzem a pontuação. A desigualdade de cores - sarcos - é falta desqualificante).

Cor

  • completamente branco. Toda e qualquer mancha de cor deve desqualificar o exemplar por ser uma característica atávica. (Os brancos com a pele muito pigmentada de preto, devem ser considerados como exemplares inaptos para a criação, pelo caráter recessivo que demonstram e que pode passar a ser dominante nos filhos, se forem acasalados com exemplares que, potencialmente, tenham este defeito. As manchas pequenas na cabeça não são motivo de desqualificação, mas entre dois exemplares equivalentes, o desempate será pelo exemplar que mais se aproxime do completamente branco. Por outro lado, qualquer mancha no tronco é motivo de desqualificação). (5)Há uma característica que aparece normalmente nos Dogos que comumente chamamos de Lunares e que são normais desde de que não seja em demasiada quantidade.

Desqualificações

  • Olhos de cores desiguais.
  • Surdez.
  • Manchas no corpo.
  • Pelo longo.
  • Trufa branca ou muito manchada (despigmentada).
  • Prognatismo inferior ou superior.
  • Lábio muito pendente.
  • Cabeça afilada
  • Orelhas inteiras (não operadas).
  • Altura inferior a 60 centímetros
  • Mais de uma mancha na cabeça.
  • Toda e qualquer desproporção física.

[editar]Problemas comuns à raça

terça-feira, 10 de agosto de 2010

ORIGEM DO SÃO BERNARDO

SÃO BERNARDO: AMIGO DE PESO

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O porte extraordinário o torna o mais pesado entre os cães usados para companhia e atrai donos especiais

São BernardoOs cães mais pesados do mundo são o São Bernardo e o Mastife, segundo o Guiness Book, o livro dos recordes. Embora tenham um porte gigante e uma fantástica massa muscular, que pode chegar próximo aos cem quilos e a um metro de altura, o tipo de interesse que despertam nas pessoas é bem diferente. Enquanto o Mastife com sua cara de bravo faz sucesso como cão de guarda, o São Bernardo agrada mesmo é como companheiro, de temperamento dócil e jeito bonachão. Um fato óbvio para cães que originalmente foram destinados a funções bem distintas. Se o valente e bravo Mastife ficou conhecido por lutar em arenas, o amistoso e tranqüilo São Bernardo ganhou fama pelas ações altruístas de salvar vítimas na neve.

Ambos têm qualidades de sobra, bastante acentuadas, que os tornam mais eficientes num determinado tipo de função. Basta comparar alguns itens analisados pelo especialista em comportamento canino e doutor em psicologia animal, Daniel Tortora, em seu livro The Right Dog for You. O São Bernardo se destaca como sendo mais sociável com estranhos. O próprio padrão da raça da Federação Cinológica Internacional (FCI) endossa esse seu caráter, descrevendo-o como "amigável". De fato, segundo analisou Tortora, enquanto o Mastife ataca em 50 a 75% das vezes em que o seu território é invadido, o São Bernardo só o faz em 25%. "Isso não quer dizer que deixará um estranho fazer o que quiser", diz o presidente do clube da raça na Suíça, Roland Hands. "Se um desconhecido entrar em seu território e o dono estiver junto da pessoa, o São Bernardo vai aceitá-lo. Mas se entrar na ausência do dono, primeiro vai usar artimanhas para persuadi-lo a sair: latir, rosnar, pôr o corpo na frente. Se não funcionar, daí, em última instância, ele ataca", explica. A criadora Sueli Bordon, do Canil Turandot, de Santo André - SP, tem uma história que ilustra bem esse comportamento.
"Minha empregada foi tentar entrar em casa no dia de folga quando não havia ninguém", conta. "Ao abrir o portão, a São Bernardo pulou, derrubou-a no chão e ficou deitada em cima dela até o tratador chegar e a tirar de lá." Exemplares agressivos devem ser banidos da criação. "Um cão de salva-mento não pode ser agressivo. Nós não autorizamos o cruzamento de São Bernardos com esse tipo de comportamento", diz Hands.
Já como cão de alarme, a raça obteve a nota máxima de Tortora. Essa característica de ser sempre alerta é inclusive mencionada pelo padrão da FCI.

MASSA FÍSICA

Exatamente devido à aptidão em dar o alarme e por possuir um porte gigantesco, o São Bernardo intimida os estranhos e, conseqüentemente, não deixa de ser útil como guardião. Mas é como companheiro que faz sucesso. E com o grande diferencial do peso imbatível.

Tanta massa física, às vezes recomenda um certo espírito esportivo dos donos. Como o que foi preciso quando Edna Matos, do Canil Paul's Mats, de Osasco - SP, conversava pela janela com Mario, seu marido, e o viu de repente cair atingido pela mascote Kelly, com seus oitenta e cinco quilos, que veio como um rolo compressor após escorregar no chão molhado.
"Quando bateu em minhas pernas, caí na hora", ri Mário.

Embora seja um companheiro pacato, que gosta de ficar deitado num canto, quando quer mostrar que gosta da gente a reação do São Bernardo é a de pular, apoiando todo o peso do corpo. Mas essa efusividade só acontece quando o dono não se mostra incomodado. Quando repreendido, o São Bernardo geralmente aprende com facilidade. Rosana Alberti, dona de um São Bernardo, em Curitiba - PR, sabe bem disso. "De vez em quando ele me derruba porque jamais o proibi", comenta. "Em compensação, nunca pulou em minha irmãzinha, pois como ela é pequena, o repreendemos desde a primeira tentativa.
" Para quem gosta desses momentos de intimidade e brincadeira, a dica dos criadores é pôr um braço na frente. "Assim, o cão vai se apoiar no braço da pessoa e não no corpo dela", diz Edna.

ESTRATEGISTA

A massa muscular do São Bernardo proporciona uma tremenda força, que ele não hesita em usar para atender aos seus impulsos quando o condutor não sabe comandá-lo. Márcia Botter Muzeka Pereira, do Canil Bernardo of Menton, em Casa Branca - SP, tinha acabado de dar banho em seus cães, quando o filho de nove anos insistiu para segurar um que adora ficar na terra. "Avisei que não agüentaria", conta.
"Bastou pôr a guia na mão do meu filho, que o São Bernardo o arrastou, com facilidade, por metros até chegar na terra. Resultado: tive que dar outro banho."

Tirar um cão desses do local, contra a vontade, é coisa para estrategista. Se o São Bernardo não quer fazer algo costuma deitar no chão e não sair. "Quando quero que entrem no canil, eles deitam no chão de barriga para cima. Daí tenho de arrastá-los pelas pernas com muita dificuldade", conta Antonio Carlos Casagrande, do Canil Vimon, em São Bernardo do Campo - SP. Ele e Márcia descobriram que é mais fácil usar de esperteza. Mostram um pedaço de carne ou outro petisco e ficam chamando ao local desejado.

Por ser tão gigantesco, a maioria mantém seus São Bernardos em áreas externas, mas muitos permitem o acesso ao interior da casa, principalmente nas horas de lazer. Nessas ocasiões fica difícil sobrar um espacinho em que o dono e o cão possam ficar juntos. "Quando Kelly acaba de se acomodar no seu sofá predileto, temos que sair", diz Mário.

Até brincar fica difícil com tanto corpo. "Uma vez quando nossa São Bernardo quis se esconder da vira-lata atrás de um murinho de uns 20 centímetros, ficou com o traseirão e o rabo de fora, achando que a estava enganando", ri Mário. Os parceiros de brincadeiras também precisam ser pacientes. Quando Kelly brinca com Kika, a vira-lata, abocanha - sem machucar - a cabeça dela que cabe dentro da sua boca.

Onde vive um São Bernardo até os "brinquedinhos" ganham volume.
Enquanto a maioria dos cães se diverte com uma bolinha de tênis, a do São Bernardo é uma de basquete ou de futebol, como as que Kelly já teve.

LUGAR PERDIDO

O enorme porte do São Bernardo chegou até a limitar o seu campo de atuação. A representante do clube da raça no Colorado - EUA, Jerry Hobbs, relata: "Em nosso Estado, um serviço de salvamento composto por equipes de resgate de homens e cães teve de substituir os São Bernardos por Pastores Alemães após adquirir helicópteros e carros de neve, devido ao peso e tamanho muito grande da raça para as limitações de carga desses meios de transporte".

Transportar um cão tão grande exige um bom espaço. Um São Bernardo ocupa todo o banco de trás de um veículo. Márcia diz que dá para levar apenas um de cada vez. "O Beethoven ocupa todo o banco e ainda precisa pôr a cabeça para fora da janela", relata.

Para quem aprecia participar de atividades esportivas com o cão, é bom saber que dificilmente um São Bernardo vencerá provas em que a rapidez e a agilidade são decisivas. Porém, já foi inventada nos EUA, há cinco anos, uma competição à "altura" da força e tamanho da raça. Chama-se drafting. Numa das etapas da prova, o cão tem de puxar um carrinho pesando, inicialmente, cerca de 11 quilos, durante 1,6 quilômetros. "Os recordistas chegaram a puxar um pouco mais de uma tonelada", diz Walt Parsons, organizador das provas na Califórnia.

HERANÇAS

Entre os males hereditários que podem atingir a raça, está a displasia coxo-femural. A veterinária Desirée Thibrault, que também cria São Bernardo há 18 anos, em Nova York, EUA, diz que atualmente, segundo estudos naquele país, essa displasia atinge cerca de 15 a 16% dos São Bernardos americanos. "A ocorrência era maior, mas diminuiu graças a um trabalho de conscientização junto aos criadores na década de 70, quando os índices chegavam a 50%", afirma. Na Suíça, o clube da raça também trabalha pelo controle do problema. Lá, para poder cruzar São Bernardos, é preciso antes obter uma autorização conseguida depois de examinados por três juízes que também analisam suas radiografias. "Atualmente não existem mais cães de associados que sejam displásicos", afirma o presidente do clube suíço da raça. "Dos duzentos São Bernardos que mandamos examinar para constatar doenças genéticas, nenhum tinha displasia", explica. Para preveni-la, é bom evitar agravantes como a obesidade e os pisos lisos, não utilizar os portadores do problema na reprodução e só comprar filhotes de pais isentos do mal (detectado por raios-X a partir de um ano de idade).

Outro problema hereditário que afeta cerca de 22% dos São Bernardos americanos, segundo a veterinária Desirée, é o entrópio, ou seja, a pele que encobre parte da vista. Costuma aparecer a partir dos três meses de vida. Os olhos vão ficando irritados e verme-lhos, com lacrimejamento excessivo. A correção é cirúrgica. Desirée comenta também que algumas linhas de sangue nos EUA apresentam epilepsia, mal genético sem cura que provoca convulsões e pode ser controlado com medicamentos. Aparece depois dos 3 anos de idade. Recomenda-se não reproduzir o cão portador de males hereditários para não disseminar os problemas.

Há também o câncer ósseo que Desirée diz afetar 6% dos São Bernardos americanos com idade acima de cinco anos. "Suspeitamos que a causa é hereditária, misturada com uma predisposição devido à conformação óssea da raça. Os sintomas são dor e inatividade, que aparecem com o estado adiantado da doença. Nessa fase, apenas a amputação do osso afetado é recomendada.

Ocorre também a dermatite causada por umidade, mais difícil de secar sob a pelagem do São Bernardo, bastante densa inclusive no de pêlo curto. A umidade do ambiente e a baba deixada durante as coçadas com a boca devido a picadas de pulgas ou outros parasitas externos favorecem o problema. O tratamento é feito aparando os pêlos no local afetado e ao seu redor e passando um cicatrizante. O cão precisa ser muito bem secado com secador após os banhos e não ficar em locais úmidos.

As orelhas caídas do São Bernardo o predispõem a infecções de ouvido, pois os condutos auditivos ficam abafados e quentes, formando um ambiente ideal à proliferação de bactérias. Desirée aponta que 10% dos exemplares da raça nos EUA têm esse problema. "Para prevenir, faça uma limpeza regular nos ouvidos, usando óleo mineral num algodão enrolado no dedo e nunca pinças, pois podem machucar", recomenda. A torção gástrica também pode acontecer. Desirée teve 23 casos entre os cem São Bernardos que já atendeu em sua clínica. O cão precisa de socorro imediato através de cirurgia. Como prevenção, nunca dê a comida uma única vez ao dia e não deixe o cão praticar exercícios de barriga cheia.

Com relação aos cuidados de higiene, tanto os exemplares de pêlo longo quanto os de pêlo curto podem tomar um banho por mês e serem escovados semanalmente. A baba típica da raça ocorre principalmente após as refeições e depois de ter tomado água, situação que se intensifica nos dias quentes. Para evitá-la, o melhor é não ter contato com o cão nesses horários. Se for comprar um filhote, prefira os maiores, mais pesados, com cabeças grandes, boa movimentação e com a máscara preta na cara. Para que possa se exercitar adequadamente, esse grandalhão necessita de uma área livre de aproximadamente 80 m2 e passeios regulares.

PADRÃO OFICIAL

CBKC nº 61, de 12/4/94
FCI nº 61, de 19/7/93
País de origem: Suiça
Nome do país de origem: Bernhardiner Sennenhund/St. Bernhardshund/Saint-Bernard.
Aparência Geral: o São Bernardo tem duas variedades: a variedade Pêlo Curto (pelagem dupla) e a variedade Pêlo Longo. As duas variedades são de porte grande: o tronco é poderoso, firme, musculado e harmonioso; a cabeça é imponente; a expressão é alerta.
Comportamento e Caráter: de caráter amável e temperamento calmo e esperto, sempre vigilante.
Proporções Importantes: proporções ideais: altura na cernelha / comprimento do tronco = 5:6 (o comprimento do tronco é medido desde a ponta do ombro até a ponta do ísquio). Proporção ideal entre a altura na cernelha e a altura do peito veja croqui a seguir.
CABEÇA:
Generalidades: poderosa e de aspecto importante.
Região Craniana: visto de frente ou de perfil, a região superior do crânio é larga, forte e ligeiramente arqueada, funde-se com as faces laterais em suave curva na região zigomática alta e fortemente desenvolvida. O osso frontal sofre um desnível abrupto em relação à raíz do focinho. A protuberância occipital é, apenas moderadamente marcada, enquanto que as arcadas superciliares são fortemente desenvolvidas. A partir da raíz do focinho, o sulco sagital prolonga-se ao longo de toda a superfície craniana para desaparecer suave e progressivamente na região occipital. A pele da testa forma, acima dos olhos, rugas que convergem para o sulco sagital. Em estado de atenção, essas rugas ressaltam e a inserção das orelhas forma uma linha reta com a região superior do crânio.
Stop: bem definido
REGIÃO FACIAL:
Focinho: curto e de largura constante, cana nasal reta, com um discreto sulco sagital. O comprimento do focinho é menor que a altura, medida da raiz.
Trufa: preta, targa e de contorno bem marcado e narinas bem abertas.
Lábios: de contorno preto, sendo os superiores, intensamente desenvolvidos e pendentes, formando na direção do nariz, um grande arco, ficando a comissura labial em evidência.
Dentes:dentadura alinhada, completa e robusta, podendo articular-se em tesoura ou em torquês. Admite-se a inversão da articulação em tesoura. A ausência de PM 1 (primeiros pré-molares) é tolerada.
Olhos:de tamanho médio, cor marrom escuro a castanho e inserção moderadamente profunda e expressão amável. As pálpebras com bordas totalmente pigmentadas, tocam-se no meio da forma do globo ocular. O fechamento natural e a firmeza das pálpebras é o ideal. Uma dobra pequena na pálpebra superior e uma dobra na pálpebra inferior, mostrando a conjuntiva, só um pouquinho, é admitida.
Orelhas: de inserção alta, tamanho médio, largas, formato triangular e as pontas arredondadas, o pavilhão é intensamente desenvolvido e flexível. Portadas caídas, com o bordo posterior ligeiramente afastado e o bordo anterior tocando as faces, bem rente.
PESCOÇO: robusto, barbelas moderadamente desenvolvidas.
TRONCO:
Generalidades: de uma figura imponente e harmoniosa.
Linha superior: cernelha bem marcada, reta da cernelha ao lombo, depois, ligeiramente inclinada a partir da garupa, para unir-se, imperceptívelmente, à inserção da cauda.
Dorso: moderadamente profundo, sem ultrapassar o nível dos cotovelos, com as costelas bem arqueadas.
Linha inferior e ventre: moderadamente esgalgado.
Cauda: grossa na raiz, rústica e longa, com a ponta (última vértebra caudal) alcançada, no mínimo, o nível dos jarretes. Em repouso, portada caída ou com o terço distal ligeiramente curvado para cima. Em estado de atenção, portada mais alto.
MEMBROS:
Anteriores:
Generalidades: mais para afastados; vistos de frente, retos e paralelos.
Escápula: oblíqua, musculada e bem articulada com o tórax.
Braço: úmero do mesmo comprimento que a escápula ou um pouco mais curto. Angulação escápulo-umeral moderada.
Cotovelo: trabalhando, bem ajustado, rente ao tórax.
Antebraço: reto, de ossatura robusta e musculatura seca.
Metacarpo: visto de frente, aprumado e, de perfil, ligeiramente inclinado.
Patas: grandes, dígitos fechados, firmes e fortemente arqueados.
Posteriores:
Generalidades: moderadamente angulados e bem musculados, visto por trás, posteriores paralelos e afastamento moderado.
Coxa: robusta, larga e bem musculada.
Joelho: bem angulado e corretamente direcionado para a frente.
Perna: muito longa e bem angulada.
Jarrete: moderadamente angulado e firme.
Metatarsos: vistos por trás, aprumados e paralelos.
Patas: dígitos fechados, firmes e fortemente arqueados. Tolerados os ergots, desde que não interfiram na movimentação dos posteriores.
Movimentação: harmoniosa, com passadas de grande amplitude e boa propulsão dos posteriores, membros trabalhando em planos paralelos.
Pelagem - Tipo de pêlo:
Variedade pêlo curto: (pelagem dupla): pêlo de cobertura denso, liso, bem assente e rude; subpêlo abundante. Ligeiro culote nas coxas; pelagem densa na cauda.
Variedade pêlo longo: pêlo de cobertura reto, de comprimento médio; subpêlo abundante; na região da anca e sobre a garupa o pêlo é, geralmente, um pouco ondulado. Culotes bem cheios nas coxas, franjas nos anteriores. Pêlo curto na face e nas orelhas. Cauda emplumada.
Cor: branco, com placas maiores ou menores, em marrom avermelhado (cão matizado) até formar um manto contínuo no dorso e flancos (cão mantado); o manto manchado (marcado de branco) é equivalente. O marrom avermelhado tigrado (bringé) é admitido. A cor marrom amarelado é tolerada.
Marcas brancas: no peito, nuca, patas, extremidade da cauda, lista (na cana nasal que se prolonga na cabeça, passando por entre os olhos) e a faixa em torno do focinho.
Almejado: colar branco e a máscara escura, simétrica.
Talhe:
Limite mínimo: machos 70 cm; fêmeas 65 cm.
Limite máximo: machos 90 cm; fêmeas 80 cm. Os exemplares que ultrapassarem o limite máximo não devem ser penalizados, se a aparência geral for harmoniosa e sua movimentação for correta.
Faltas: Qualquer desvio dos termos deste padrão deve ser considerado como falta e penalizado na exata proporção de sua gravidade.

  1. Características sexuais muito pouco pronunciadas.
  2. Aspecto geral carente de harmonia
  3. Rugas marcadas na cabeça e no pescoço.
  4. Focinho muito curto ou muito longo.
  5. Lábio inferior lasso, pendente para fora.
  6. Prognatismo superior ou inferior.
  7. Ausência de dentes, principalmente, os pré-molares.
  8. Orelhas de inserção baixa.
  9. Olhos claros.
  10. Entrópio, ectrópio.
  11. Pálpebras caídas.
  12. Dorso selado ou dorso carpeado.
  13. Garupa plana ou caída
  14. Cauda portada enrolada sobre o dorso.
  15. Anteriores tortos ou fortemente voltados para fora.
  16. Posteriores muito retos, em tonel ou jarretes de vaca.
  17. Movimentação incorreta
  18. Pelagem encaracolada.
  19. Pigmentação insuficiente ou ausente na trufa, em torno do nariz, nos lábios e pálpebras.
  20. Marcas incorretas, por exemplo salpicos marrom avermelhada, no fundo branco.
  21. Fraqueza de caráter, agressividade.

Desqualificações: Pelagem totalmente branca ou totalmente marrom avermelhada.
Pelagem de outra cor.
Olho Azul, olho esbugalhado
Nota: os machos devem apresentar dois testículos de aparência normal, bem desenvolvidos e acomodados na bolsa escrotal


origem do cane corso





Historia do Cane Corso

O Cane Corso é um antiquíssimo molosso italiano, descendente direto do 'canis pugnax' romano, ou seja, sua história retrocede a mais de 2000 anos. Mesmo excluindo a priori que o nome indique a origem geográfica da raça, a etimologia da expressão 'corso' é controversa. Alguns afirmam que a palavra venha do latim 'cohors' que significa protetor, guarda (por exemplo 'praetoria cohors' é a guarda do corpo do general e ainda hoje no vaticano existe a Cohors Elvetica, ou guarda suiça).

É muito interessante também a hipótese que indica a raiz de Corso na palavra gregaKortòs, que indica o quintal, o recinto e da qual deriva a palavra cohors, que indicaria portanto o cão colocado como guarda do recinto. Esta hipótese, se verdadeira, nos leva à Magna Grecia (região que compreendia o sul da Itália, sob o império grego) e à sugestiva origem oriental dos molossos.

Outros buscam a origem de 'Corso' em uma antiga expressão céltico-provençal que indicava força, potência. Esta última hipótese é igualmente plausível, visto que ainda hoje se encontra em algumas palavras como 'corsiero' (cavalo robusto de batalha usado na idade média), no inglês 'coarse' (rústico) e finalmente em alguns dialetos do sul da Itália onde 'Corso' ou 'Còrs' significa robusto ou altivo. Permanece o fato que, desde que começou a se estabelecer a lingua italiana, o molosso sempre foi chamado de Corso. Expressão mais adequada dificilmente poderia ser criada para descrever este cão, mistura de potência e distinção.

É importante dizer que não é uma raça extrema em nenhuma das suas características e disto resulta sua harmonia.

A sua conformação é aquela de um molosso de porte médio-grande, com musculatura muito bem desenvolvida que lhe confere um aspecto sólido, compacto e sem qualquer peso desnecessário.

A cabeça é bem proporcionada com o corpo, o olhar é altivo e expressivo: a mordedura levemente prognata (os incisivos inferiores se sobrepões aos superiores). O pescoço é possante. O tórax bem aberto e alto. A altura na cernelha varia de 64 a 68 cm nos machos e de 60 a 64 cm nas fêmeas, com tolerância de 2 cm a mais ou a menos; o peso médio dos machos é de 45/50 kg e nas fêmeas de 40/45 kg.

A pelagem é curta, mas não rasa (pelo de vaca), muito forte e muito abundante, garantindo uma perfeita impermeabilidade; no inverno surge um sub-pelo muito abundante também.

As cores tradicionais são o preto e o tigrado, mas há também os exemplares fulvos (um marrom claro) e cinza. Nos cães cinza e fulvos surge uma máscara preta (ou cinza) que porém não deve passar da altura dos olhos.

Harmonia, força e desenvoltura são os adjetivos que melhor descrevem o seu andar natural: o trote longo com traços de galope.

As características de equilíbrio psíquico, a devoção absoluta ao dono e a versatilidade para adaptar-se aos mais variados usos são a razão de seu sucesso e difusão que a raça viveu recentemente.

O uso mais clássico do Cane Corso foi aquela da caça aos animais selvagens perigosos, especialmente o javali. Os sabujos e os bracos tinham que achar o animal e em seguida, após uma perseguição, obrigá-lo a parar, permitindo aos caçadores alcançá-los. Finalmente eram soltos os Corsos que tinham que saltar sobre o javali e imobilizá-lo agarrando-lhe as orelhas e o grifo. Isto permitia aos caçadores aproximarem-se sem serem atacados e matar a grande presa com um golpe bem colocado. Era esta confusão final, este epílogo sanguinário, que exaltava os homens e que levou-os a celebrar a cena em uma longa série de representações artísticas.

De forma parecida era a função do Cane Corso como boiadeiro, ou melhor, como cão de açougueiro. Até muitos anos atrás, os bovinos de carne eram criados em estado selvagem em regiões incultivadas e para chegar até o matadouro na cidade tinham que ser guiados por percursos de várias dezenas de quilometros. Nascidos e crescidos no estado selvagem, os rebanhos apresentavam todo o perigo de animais selvagens. Pressuposto indispensável para controlar os bovinos era separar o touro, usando para isto os cães corso que tinham que paralisá-lo, agarrando-o pelo focinho com forte mordida, visto que a dor, nesta parte sensível, imobilizava completamente o grande animal. Sempre como boiadeiro o Corso tinha que defender o gado dos grandes predadores, como o urso ou o lobo.

Tasso (meles meles)Um tipo de caça muito particular onde o Corso era especializado era aquela ao tasso (meles meles, parente da ariranha e da doninha). Este grande mustelídeo (chega a 1 metro de comprimento e 20 kg), de costumes noturnos, era muito apreciado tanto pela pele, como pelo sabor da carne e até pela gordura, que fundido, era usado como unguento curativo. A caça era realizada à noite e exigia cães particularmente adestrados, visto que o escuro impedia o uso de armas de fogo. O Corso tinha portanto que surpreender o tasso e matá-lo com uma mordida forte na nuca, antes que este pudesse levantar-se e defender-se com suas longas e afiadíssimas garras.

Uso muito positivo era aquele feito pelas 'guardas campestres'. Nas fazendas, terminada a colheita, o campo era abandonado por todos. Por vários meses, terminada a semeadura, restava somente o guardião: seu único companheiro era o cão, ajuda indispensável para defender-se de malfeitores que vagabundeavam por aquelas terras abandonadas.

Nos longos meses transcorridos junto, se estabelecia uma tal compreensão recíproca que o Cane Corso chegava a manifestar uma incrível inteligência.

Também os carreteiros que transportavam de dia e de noite, pelas estradas desertas em pleno campo, temiam continuamente os assaltos dos ladrões e para maior segurança viajavam em comboios e levavam de reserva os Cães Corso. A ecleticidade da raça foi muito apreciada também pelos grandes senhores feudais e renascentistas que a utilizaram, não só para a caça, mas também como guardas nas fortificações e como instrumento bélico. Para este propósito, os Corsos eram vestidos com faixas de couro endurecido que protegiam o peito e o dorso. Em alguns se colocavam faixas especiais que permitiam ao animal transportar sobre o dorso recipientes com substância resinosas acesas.

Desta maneira, este cães (chamados piriferos), eram de grande eficácia contra a cavalaria, pois, além de assustar os cavalos, asseguravam dolorosas queimaduras ao correr por entre eles.

Um passado assim rico e próximo à história do homem, não podia não deixar traços em testemunhos históricos e portanto sua bibliografia é abudante. Teofilo Folengo no 'Maccheronee' (1522), o famoso naturalista Konrad von Gesner no 'De Quadrupedibus' (1551), Erasmo di Valvasone no 'Della Caccia' (1591), Minà Palumbo nos 'Mamíferos da Sicilia' (1868) e Giovanni Verga no 'Malavoglia' (1881).

Quanto à iconografia, é tão vasta que é impossível catalogá-la. Para citar somente os testemunhos mais importantes, lembramos as pinturas da Reggia di Caserta, as estampas de Bartolomeo Pinelli até chegar aos afrescos do Palazzo The de Mantova.

História mais recente e menos gloriosa é aquela a partir do segundo pós-guerra, onde a velocidade das mudanças nas condições sócio-econômicas e o abandono da criação de bovinos selvagens conduziu ao descaso a seleção da raça, que reduzida a poucos exemplares beirou a extinção.

Aproximadamente vinte e cinco anos atrás, alguns cinófilos, entre os quais é necessário lembrar o Prof. Giovanni Bonatti, o Prof. Fernando Casolino, o Doutor Stefano Gandolfi, o Sr. Gianantonio Sereni e os irmãos Giancarlo e Luciano Malavasi, aceitaram o desafio de recuperar a raça e fundaram a S.A.C.C (Società Amatori Cane Corso).

cane corso na guerra da RussiaCane Corso utilizado para transporte de medicamentos e depois soldados feridos na campanha da Rússia

Um massaro acompanhado de seu cão (Puglia, década de 20)

Massaro acompanhado de seu cane corso
Cane Pugnace representado em sarcofago romanoSarcófago romano do IIº século, representando dois canes pugnaces - galeria degli Uffizi, Florença

Entre mil dificuldades foram encontrados os primeiros exemplares nas fazendas da província de Foggia e contemporaneamente iniciadas as pesquisas sobre a história e iconografica sobre a raça, com o propósito de reconstruir um contexto histórico que permitisse uma correta seleção dos sujeitos. Os cães criados nestas iniciativas eram consignados a novos apaixonados que aumentavam o grupo da S.A.C.C.

A ENCI (entidade que cuida da cinofilia na Itália) seguiu com muito interesse, desde os primórdios, o projeto de recuperação da raça e encarregou o Dr. Antonio Morsiani de escrever o Padrão da raça. Durante o ano de 1988, por ocasião das exposições de Milão, Florença e Bari, os juizes Morsiani, Perricone e Vandoni fizeram as medições cinométricas de mais de 50 Corsos para verificar se aderentes às características indicadas no projeto de Standard. No mesmo ano, o sócio Vito Indiveri apresentou à ENCI o resultado do censo dos indivíduos rústicos com o registro de 57 cães, acompanhado de 97 fotografias. Incentivado por estes desenvolvimentos positivos, o Conselho Diretor da ENCI decidiu instaurar o Livro Aberto, onde inscrever os individuos, que tatuados, estivessem conformes ao Standard. De 1989 até 1992 foram inscritos no Livro Aberto mais de 500 individuos e em janeiro de 1994 a raça foi definitivamente reconhecida oficialmente pela ENCI.

Hoje o Cane Corso está vivendo uma segunda juventude, graças à capacidade de adaptação que sempre o distinguiu nos séculos de história. É um ótimo guardião das propriedades, que vigia de perto a casa, aproximando-se raramente aos limites, evitando assim que mal-intencionados passam atacá-lo de fora. Mesmo tendo um senso de território muito arraigado, o Corso se apresenta muito bem como cão de defesa, graças a sua empatia com o homem. É um cão adaptável, facilmente adestrável, mas que nunca será um robô: a sua viva inteligência se apresenta também na independência e no perseguir com um toque de iniciativa pessoal as tarefas e serviços a ele apresentados. Na familia é um cão dócil e sociável, particularmente tolerante com as crianças para as quais, consciente de sua força, é muito delicado. O Corso tem um forte temperamento, não ama carinhos melosos, mas adora as manifestações de afeição que vêm do fundo, moderadas, constantes. Nesta situação retribui com igual intensidade e chega a manifestar uma dedicação ao dono sem igual. Resumindo, é um cão que vive com o homem e para o homem, cuja beleza é filha de sua real funcionalidade.