domingo, 4 de abril de 2010
ATAQUE DE CÃES
Grande parte da população fica
chocada ao tomar conhecimento
dos ataques de cães divulgados
pela mídia e passa a exigir
medidas dos governantes para
prevenir tais atrocidades e punir
os responsáveis. Muitos desses
casos resultam em ferimentos
graves ou na morte de pessoas
que simplesmente andavam pela
rua.
Mas afinal, quem são os
responsáveis? É gente que
maltrata seus cães, os quais
passam a atacar? São raças
agressivas que não deveriam
existir? Ou são criadores que
vendem um cão de guarda para
quem não tem habilidade para
educá-lo corretamente? Vários
“ culpados” já foram nomeados.
Até os adestradores não
escaparam.
Se um projeto de lei é feito após
a divulgação de alguns acidentes
envolvendo determinada raça de
cão, esta, quase que com certeza,
estará na lista das raças que
deverão ser exterminadas.
A busca por um culpado, sem
antes fazer uma análise
detalhada do problema e dos
dados, acaba gerando soluções
preconceituosas. Acalma-se a
população, mas o problema não
é resolvido de forma eficiente e
correta. Soluções
preconceituosas costumam ser
resultado de simplificação por
falta de conhecimento.
Nos casos dos acidentes com
cães, a questão é grave e
complexa. A maioria dos projetos
de lei apresentados possui
diversas falhas já comprovadas
em outros países e assinaladas
pela maioria dos especialistas em
comportamento. Os erros seriam
facilmente detectados e
corrigidos se houvesse o
envolvimento de um especialista
no assunto. Para exemplificar,
analiso no quadro a
problemática relativa à
exterminação de algumas raças
consideradas perigosas,
apontada por muitos como
solução para o problema.
Estamos repetindo o erro de
outros
Embora as dificuldades citadas
no quadro existam e já tenham
sido constatadas por
especialistas do mundo todo e
comprovadas por muitas
pessoas, grande parte dos
projetos de lei continua focando
o extermínio de raças como
solução simples para os ataques
de cães.
Os proprietários precisam ser
responsabilizados e educados
As condutas mais eficientes são
aquelas que visam a educar e
responsabilizar os proprietários
de cães, civilmente e
criminalmente. Em determinados
aspectos, poderíamos considerar
a posse de um cão de porte
médio ou grande como
equivalente à de um automóvel.
Para dirigir o veículo é
necessário ter condições físicas,
psíquicas e conhecimentos sobre
leis. Por isso, para obter carteira
de motorista é preciso estudar
os automóveis e adquirir
conhecimentos sobre eles.
Por que nenhum conhecimento é
exigido do futuro proprietário
de cão com potencial para matar
pessoas? Muita gente, ao
adquirir um cão, acha que basta
tratá-lo com amor e carinho para
ele não se tornar agressivo. E
fica surpresa quando ocorre o
primeiro acidente! Se um
motorista dirige de maneira
imprudente, pode ser multado
ou até perder o direito de dirigir.
É dessa maneira que acidentes
futuros são evitados.
Grande parte dos casos
envolvendo cães ocorre após
numerosas imprudências de
seus proprietários. Um dos
exemplos mais comuns é o do
cão que sai para a rua quando o
portão é aberto para o carro
passar. Mais cedo ou mais tarde,
um pedestre poderá ser atacado.
Imagine, também, o perigo de
deixar uma criança passear com
um Dogue Alemão agressivo!
Instituir uma carteira para o
dono de cão potencialmente
perigoso seria uma maneira de
educá-lo sobre suas
responsabilidades. Para obtê-la, a
pessoa deveria comprovar que
sabe agir prudentemente, de
modo a evitar que seu cão se
envolva em casos de agressão.
Problemática dos projetos de
extermínio de raças caninas
Nenhuma raça canina está livre
de ter entre seus elementos
alguns agressivos
A variabilidade de
comportamento é muito grande
em cada raça de cão, sendo que
existem indivíduos
extremamente mansos em raças
consideradas agressivas e
indivíduos extremamente
agressivos em raças
consideradas mansas. Se formos
eliminando as raças a partir de
alguns acidentes, com o tempo
todas as raças serão
exterminadas.
Em qualquer raça podem surgir,
em alguns anos, linhagens
agressivas
No prazo de poucas gerações dá
para tornar uma raça mais
agressiva. Basta selecionar
indivíduos um pouco mais
agressivos e acasalá-los. Se
existir demanda por cães
agressivos, de nada adiantará
proibir raças caninas apenas
com base na aparência.
Policiais terão dificuldade em
punir os infratores
Há variações sutis entre algumas
raças. Diante do policial, o
proprietário pode sempre alegar
que o cão dele é de outra raça.
Quantas pessoas saberiam
diferenciar um Pit Bull de um
Staffordshire? Os policiais
precisarão se tornar especialista
em raças caninas.
Surgirão novas raças formadas
pelo cruzamento entre
raças
A mistura entre cães ditos
perigosos não se enquadra
numa lei que especifica raças,
embora a periculosidade possa
ser a mesma.
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